Será que eu sobrevivo?

Gabriel não me escuta quando eu digo algo. Gabriel me confronta por qualquer bobagem. Porque eu estou “interferindo nos direitos dele” (de não cumprir seus deveres, como ir até o mercado me ajudar com as compras) ou “reprimindo a liberdade dele” (porque ele está fazendo hora para se arrumar para ir pra escola, o que vai fatalmente acarretar nele chegando atrasado e levando falta na primeira aula. Sabe o que eu escuto? “Porque você não me fez sair de casa antes?” Grrrrrrrrrr…

Conscientemente eu sei que meu pequeno rebelde sem causa está ensaiando para sua entrada na adolescência, mas a verdade é que ele atira para todos os lados frases de efeito sem ter muita noção do que elas querem dizer. Já estava me enlouquecendo antes. Imagine agora que estou grávida.

Tem dias em que esta casa vira a festa dos hormônios enlouquecidos. Gabriel primeiro me desrespeita e afronta por algum motivo banal. Eu fico magoada porque ele me desrespeitou. Ele fica “emo” porque eu briguei com ele. Uma autopiedade que só: que ele não presta, que faz tudo de errado, que sempre vai ser assim e nunca vai mudar… E grita “não me chama de EMO, detesto que me chamem de emo” “então pára de agir como um” “eu sou um bosta mesmo, etc” “oh vida, oh céus, ó azar…”

Rafael manda ele arrumar o  quarto dele. Ele responde que “tem direito a ter um tempo livre para ele” Ah tá, e o que foram aquelas sete horas que ele ficou à toa entre o período em que saiu da escola e a gente chegou em casa com bagunça espalhada em todos os cômodos da casa mesmo?

Eu não sei o que fazer. Quando ele começa a se depreciar eu fico nervosa. Odeio chantagem emocional. Eu contesto os argumentos ponto a ponto, você SABE que não é um mau aluno por causa de x, y e z. É cansativo. Eu fico estressada, cansada, exausta emocionalmente, cansada, furiosa, cansada e com vontade de chorar. E cansada 😛 Aí ele ignora todos os avisos e até mesmo súplicas e empurra a última pecinha do dominó que faltava, e eu caio no choro de pura exaustão.

Imagine uma casa assim: de um lado uma criança entrando na adolescência com os hormônios à flor da pele, uma hora agressivo, outra hora carinhoso, outra hora um poço de autopiedade e choro, outra ainda um jovem homem sério, dedicado e responsável.
No outro lado do ringue uma grávida de nove semanas, com os hormônios em ebulição e um reforço de progesterona para bagunçar um pouco mais, que chora vendo comercial de tv e se irrita com tudo o que vê de errado no caminho e fica fisicamente cansada quando se estressa (e eu tenho me estressado o tempo todo em casa).

Coitado do Rafa, o único que não está com os hormônios em ebulição nesta casa, cercado de drama queens por todos os lados. Bom, ele e os gatos.

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3 Responses to Será que eu sobrevivo?

  1. lindos hormônios, estes: os de criar com os de crescer… aposto que tem um homem explodindo de felicidade na sua casa. APOSTO.
    amor, sempre

  2. Ila Fox says:

    Adolescência é DOSE mesmo, tão irritante para a família toda quanto para o próprio adolescente. Vontade de bater em quem diz que é a melhor fase da vida, ARGH.

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